Entrelaçados

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Festa de gala

     Hoje tivemos um evento palhaciano diferente. Clima de festa, convidados chiques, banda, comida, bebida, paparazzis... Uma noite de gala.
     Estávamos animados. Nos trocamos, maquiamos, aquecemos. Impossível não ficar feliz ao ver a maioria dos meus companheiros juntos, transbordando energia. E aí, dança pessoal. Todos juntos. Lindos. E a missão: falar feito poeta. Ah, Zé do Cabide vai se dar bem nessa!

     De repente, nos chamam. Vão para a festa! Direita, esquerda e depois direita. Tem uma banda. Já anunciaram vocês.
     Oi?
     A tensão tomou conta da maioria. Expectativa, apreensão, mais expectativa. Todos estavam esperando, e agora? Um momento de confusão. Zé do Cabide toma a iniciativa e com uma corda mágica sai puxando alguns. Agarrei a mão de Chechas. Vamos junto!
     Mas aí, como numa mágica, toda tensão evapora. Estamos no nosso mundo onde tudo é possível. O prato principal da noite podia ser folhas com rabo de camarão? As pessoas podiam brindar com garfos? Podíamos comer canapes (inclusive os do chão) e beber espumante? E o bacalhau e os docinhos? Claro. Tudo era possível.
     E naquela festa de gala, se viam desfiles de moda, trens que iam para não sei onde, palhaços correndo de um lado para o outro... Nem o reitor escapou. Billy Wood tratou logo de deixar ele à caráter com um colete fashion e um chapéu (sem esquecer da ecobag, claro).
     Dançamos, comemos, bebemos. De dança na boquinha da taça até ciranda. A ciranda foi linda. Uma grande roda com palhaços, garçons, convidados. Todos juntos, cantando, dançando, sorrindo.
     No fim, o que era tensão tinha se transformado em vontade. Vontade de ficar alí, de não dormir de novo. De continuar no jogo com aqueles companheiros maravilhosos. Tá certo que ninguém se lembrou de rimar, mas valeu a pena. Todos estavam conosco. E ficarão sempre.
     Muito obrigada!


Maria Olívia  :o)






Um sonho imPOSSÍVEL?


Era uma noite animadora e cheia de promessas de diversão. Pessoas estranhas circulavam e dançavam ao som de músicas. Todas felizes e contentes com seus novos amigos. Minha família estava comigo se divertindo e aproveitando as festividades. De repente, meus amigos, melhor meus “companheiros” surgiram no meio de todas aquelas faces estranhas, trazendo alegria e olhares mágicos que me atingiam e me impeliam a segui-los. Logo, um deles me veio com uma poção que gerava “AQUELA” energia...exatamente, aquela que fazia até mesmo o último dedão do pé mexer-se freneticamente. Enquanto eu hesitava quais as conseqüências de adentrar naquela porta mágica ao mundo das imaginações sem fim, meus companheiros tomavam e eu sentia por eles o seu corpo balançar e movê-los pela jornada do olhar. Logo, eles estavam com suas armaduras de guerra e As máscaras, que não eram feitas pra proteger seus rostos, mas para que eles não mais sentissem que havia um mundo além daquele mágico, em suas mãos prontas para usá-las. Foi aí que não hesitei mais e tomei aquela poção e me energizei! A energia me fazia tremer e dançar sem nem ao menos nenhum outro perceber..ela estava dentro de mim e mais ninguém via seus efeitos em mim.

Então, segui minha viagem para pegar minha vestimenta e minha máscara, as quais se encontravam do outro lado de onde me encontrava..para chegar lá, teria que percorrer um caminho extenso, mas tranqüilo..Ou assim eu pensava. Segui para lá acompanhado de uma companheira. Ela percebia que eu estava eufórico e sabia que para onde eu estava indo, não existiria mais o Rafael, mas sim Zé do Baile. Enquanto eu caminhava e passava por entre mais pessoas estranhas, eu começava a agir como o palhaço dentro de mim sem conseguir me controlar, uma vez que não estava com a máscara que me permitia adentrar nesse mundo mágico. Simplesmente agia com metade de minha força, pois a que me faltava estava naquela máscara. Cheguei!! Consegui alcançá-las..elas se encontravam junto de minha avó. Peguei-as e segui meu caminho de volta a meus companheiros para viajar junto deles. Enquanto isso a festa ia passando e a noite se esvaía aos poucos.

Comecei minha viagem de volta ao centro da festa..logo, encontrei com um menino que parecia querer seguir junto comigo na viagem. Nesse momento, meu corpo já não se controlava e eu já começava a me movimentar e pensar somente pelos instintos, somente com os sinais, mesmo sem estar caracterizado para tal. O menino parecia perceber isso e achava engraçado tudo isso..ele me seguia e me ajudava no caminho. Logo, comecei a encontrar obstáculos...meus acessórios simplesmente sumiam de minhas mãos e apareciam em lugares que me pareciam intransponíveis..com a ajuda de ajudantes surpresas (que iam de pessoas estranhas a até meu próprio pai) eu podia realizar resgatar meus adereços que compunham meu palhaço. E a cada objeto reconquistado, mais um sumia para que eu novamente tentasse recuperá-lo. Meu corpo estava ainda mais descontrolado..minha mente já era Zé do Baile! Resquícios apareciam para me dizer quem eram aqueles familiares que me ajudavam e me guiavam.

Quando eu finalmente havia chegado ao centro da festa..segui para um banheiro para lá encontrar a passagem secreta para minha viagem. Pus minha roupa mágica e coloquei aquela luz vermelha, viva e energizante em meu nariz. Agora nada mais me desprendia de Zé, porém eu não mais estava no centro daquela festa... eu estava dentro daquele quarto inicial onde minha avó estava com minha roupa e o nariz! No começo eu não entendi...mas logo que vi o sorriso de minha avó, eu percebi que era ali onde mais eu deveria estar.

Meu sonho se completou e eu acordei assustado. Meu susto era porque foi tão real tudo aquilo..todos aqueles obstáculos, aqueles sorrisos, aqueles olhares, aquela energia, que eu não conseguia acreditar que em uma hora tudo isso tinha acontecido e eu estava simplesmente dormindo. Porém, algumas coisas foram claras para mim. A energia quando eu acordei ainda estava em meu corpo. Levantei da cama ainda com Zé querendo acordar também..e nada tirava de minha mente que esse sonho foi mais real do que eu podia querer. Principalmente porque a minha avó não gosta de médico e ela sempre me diz desde que eu entrei para o projeto, que só iria ser atendida por um médico quando fosse Zé do Baile a atendê-la..e aquele sorriso dado por ela foi tudo que eu poderia querer ver na realidade.

Não pude deixar de escrever sobre esse sonho real em minhas anotações. Talvez porque ele fosse tão mágico quanto as atuações com todos os encontros seguidos de olhares atraentes e vivos são para mim. Também foi engraçado perceber que os obstáculos me lembravam tanto os desafios que vivíamos dentro das atuações...e como sempre tinhamos um de nossos companheiros para nos ajudar a sair deles ou a vivê-los!

Rafael Kim.

Não tenho o lirismo do nosso amigo Zé, nem o dom das crônicas de Olívia. O que vou escrever aqui são apenas minhas impressões da última atuação.

Era uma quinta, iríamos filmar a atuação para o documentário. Cheguei no Maria Lucinda nervoso com a responsabilidade de ‘representar’ vocês e todos os outros que já passaram por esse Projeto em frente às lentes. E estava cansado; aquela tinha sido a semana mais cansativa desde que eu entrei na Universidade.

Acertamos alguns detalhes, filmamos algumas cenas e aí dou lugar a Dracolino, exibido e pronto pra viver aquelas experiências só possíveis de existirem ali. Boa atuação. Fora o prazer de atuar com minha irmã e nossa matriarca pela primeira vez.

Ao fim da atuação, desço o nariz. Que diferença! A primeira coisa que lembrei foi o título do nosso resumo do Cobem: O universo do palhaço e a sua capacidade transformadora. Não acho que a gente poderia ter encontrado algo mais apropriado.
Bruno