Entrelaçados

Entrelaçados
                                                   Será que o sonho virá?

Vou começar pelo fim: a emoção calou-nos. Sabíamos que era a hora de parar, até porque seria difícil superar a emoção daquele momento puro e simples, tanto que não precisou de  nenhuma palavra para explicar que tínhamos que nos recolher. Em sintonia e em silêncio, tiramos o nariz, mas a sensação de ter vivido um dos momentos mais intensos do palhaço fazia com que a gente continuasse se olhando pra acreditar na beleza do momento que tínhamos acabado de presenciar. Foi do inesperado que nasceu uma flor de vontade de viver. E quem ia acreditar que daquele corpo sofrido e com aspecto de dor terminal sairia uma força de vida tão intensa? É, porque pra mim os explosivos berros que tentavam acompanhar nossa canção eram muito mais do que gritos sem ritmo ou afinação, eram um desabafo de quem gosta de viver e de quem, talvez, sente saudade de sentir o prazer da vida sem agonia. Ela era jovem, mas parecia uma criança... Criança daquelas que não cansa. E era como se no intervalo da dor nós fôssemos o ópio que a aliviava – uma verdadeira insustentável leveza do ser. No início e no fim ela apertou nossas mãos, as mãos dela estavam quentes e ela apertava sem soltar e nos olhava bem no olho como quem diz: “eu to gostando, chega mais perto, me tira daqui por um minuto e me leva pra um sorriso.” No meio da atuação, a fã do Calipso, a mesma que se contorcia de dor, fazia uma força imensa para acompanhar a letra e quando parávamos ela continuava “do Belém do Paráááá”. E a gente se assustava com a surpresa de vê-la tentando cantar. As vezes parecia que ela fraquejava mas era nesse momento que chagava o impulso de energia mais forte.
Enfim, o que eu senti hoje foi incrível, surreal e difícil de explicar com palavras. Quis compartilhar com vocês por vários motivos, um deles é pra mostrar que as melhores coisas da vida são as mais simples e inusitadas. O nosso projeto é lindo, aproveitemos!
Beijos e abraços.
LUISA DE CASTRO