Entrelaçados

Entrelaçados

Diário de Bordo

Por Victor Romero em 28/10/14
Desabafo

Riobaldo está com saudades. Eu estou com saudades. Saudades de várias coisas que não se sabe ao certo, mas é saudade braba, daquela que dói a alma e somatiza nas estranhas. Tanto eu como Riobaldo aparece menos e se encontra menos, não com intensidade menor, mas menos, e cada vez mais se afasta de seu tempo, de suas origens, começa a criar trajetória e se distanciar do seu ponto de partida devido a uma insistente avalanche temporal. É saudade do que passou, do que vive, do que viverá. É saudade do que houve, das palavras ditas, das lágrimas contidas. É saudade do que não houve, de palavras contidas, e lágrimas gritadas por olhos que hoje não se encontram com tanta frequência. Mas a saudade fica. Dói, mas é boa. Infinitos acontecem por segundos, e são esses pequenos infinitos que perpetuam. Outros infinitos se tornam esquecidos, e dói saber que são esquecidos. Dói muito. Por que nós esquecemos não sei. Às vezes a vontade é de gravar tudo em uma fita cassete, tipo a daquele filme preferido da Disney que cada criança elegia ser seu melhor filme, e rever dias e dias. Relembrar, reamar, inclusive se arrepender. A escolha de ter um nariz vermelho é difícil. É ter o compromisso de se encontrar não só no seu íntimo, no seu mundinho, mas principalmente no outro. Aí que dói tudo. Nós nunca somos as mesmas pessoas. A cada minuto mudamos, desde pequenas nuances até grandes escolhas, e nós mudamos. Por isso não basta encontrar, mas se reencontrar. Riobaldo se reencontrou com seu pai hoje, com companheiros que saíram melhores. Mas a vontade é de reencontrar mais e mais. Porque Riobaldo e eu temos medo. Medo de não reconhecer o outro no reencontro. Aí a saudade bate, reflexão aparece. Oh tempo, anda de marcha ré que meu coraçãozinho bate rápido. Infelizmente o tempo passa e cabe a nós nos manter perto. Apesar de tudo, Riobaldo sorri, Victor sorri. A jornada é longa, o tempo machuca, mas a gente sorri. Ser feliz tem preço, e saudade é o que se paga por isso. Texto dedicado a todos os olhares que passaram por mim e Riobaldo. Os de hoje, os de ontem e os de amanhã.

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