Entrelaçados

Entrelaçados

Diário de Bordo

Por Camila Aguiar em 04/07/14
TRÊS clowns ansiosas. 
DUAS pela primeira vez pra quem nasceram. 

Desejo, apenas UM: fiat (do latim: faça-se!).
Ao colocar a segunda pele, prestes a subir o nariz, uma mensagem deixada no etéreo por alguém que faz o mesmo, mas com outras ferramentas: "bom cuidado!".

É realmente intraduzível a beleza desse projeto, mas ver uma criança, não com uma sutura na cabeça, mas com uma coroa nadar, pular, brincar em seu lugar e ouvir de sua mãe " é incrível como a presença de vocês faz um bem danado a eles" foi o primeiro abraço que a Palhaçoterapia, carinhosamente, nos deu.
Nessa nossa primeira atuação plantamos o feijão dos sonhos sob o travesseiro de uma menina...O que brotou? Não sabemos! E só ela só vai saber quando acordar (enquanto lá estávamos não havia sono).

E eis que vem: a música! Como pode uma dança e uma melodia improvisada falar tanto? Do mesmo jeito que um trio de tocadores encontraram em três palhaças seu complemento, foi da falta de compreensão que baixar o volume da televisão não era tirar a tv do lugar e colocá-la no chão que o jogo naquela tarde se fez. 
Não há regras, é o fiat!

Falavam em encontros na oficina, hoje Anita entendeu melhor a necessidade disso: crianças não vêem,elas te encaram, enxergam a nossa alma e... Ca ram baaa!
Que olhares. Foi de um encontro assim que Filomena se apaixonou por um príncipe de cabelos de anjo... Ali houve uma troca traduzida em gestos de mãos e em sorrisos puros ( que surpreenderam até a rainha mãe!), mas o trio -peralta- teve que seguir: havia um mundo chamado MaLu a ser descoberto ainda... 

-Mas o que a senhora está fazendo aqui? Esperando o filme começar, é?-pergunta Katiuska curiosa, numa sala lotada (de esperas).
-Sim, sim: a volta dos que nem foram -risos. 
Fazer da queda um passo de dança, afinal, quem está sendo ajudado aqui?
Nossa Senhora dos Cuidados Humanos, na entrada de um dos corredores do Malu, com um pequenino Globo nas mãos, nos responde através de uma poesia antiga, escrita por Dom Hélder: o globo pequeno/ tem justamente a virtude/de reduzir ao tamanho exato/os dramas que nos parecem imensos/ e no entanto cabe e sobram/na concha de duas mãos…


Retorno ao quarto, clowns voltam a ser meninas...
Num é que tirar o nariz, faz dos meus olhos um chafariz?!


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