Entrelaçados

Entrelaçados

Instantes Eternos

Por Pablo Cavalcanti em 05 e 09/09/14

PROCAPE – 5-9/12/2014 – Don Travoso, João Porcoso, Rochelle Chanel, Shine Jackson, Tico daSelva, Zé do Baile, Lolita Piaçava e Veludita Linguita


Peço perdão, caro diário, se acabar sendo enfadonho ao escrever uma versão ampliada, sem cortes e comentada da Bíblia Sagrada, mas faz tempo que não registro nada aqui e está sendo quase uma terapia traduzir sentimentos e sensações em palavras. Além disso, vou fazer uma fusão de duas atuações, pois elas se complementaram de tal forma que funcionaram como uma só atuação, dividida em atos.


Por onde começar? Pelo começo, como disse o Rei de Copas, seguindo até o fim. Mas, às vezes, o fim não existe, só existe o caminho. Essas duas atuações foram muito importantes para mim e aconteceram em um momento singular (um desses momentos de nossas vidas que uma inquietação constante toma conta do nosso ser e nos faz transformar numa interrogação ambulante. Alguém já se sentiu assim também?) e com pessoas que marcaram a minha vida e Quero dedicar este diário a essas pessoas, para que borracha ou corretivo nenhum do mundo consiga apagar os nossos momentos, encontros e olhares das nossas mentes e corações, do mesmo jeito que essas palavras no papel. Agradeço a Lolita, Rochelle e Zé, e muito a Veludita (e a Chica, que tem lugar cativo no Trio Agulha) por toparem entrar nessa loucura desse projeto e estarem presentes nos meus primeiros passos como palhaço, nos bons e maus momentos que são imprescindíveis pra trazer amadurecimento. Agradeço ainda ao Trio Bom Danado, Porcoso, Shine e Don, por sempre me acolherem em qualquer situação, estando presentes quando eu precisava ou só quando tinha que repor por safadeza minha (hehehe). Saibam que vocês são uma família adotiva pra mim, e como tal terão que me prover uma pensão clowntícia pro resto da vida.

─ Se tu queres um amigo, cativa-me!

─ Que é preciso fazer? ─ perguntou o principezinho

─ É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te 

sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, 

na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não 

dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-

entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

ATO I

Quem me conhece, já me ouviu dizendo que as melhores atuações são em véspera de prova. Pois bem, dito e feito. Acredito que a combinação irresponsabilidade + falta de saco pra estudar + nariz vermelho = instantes eternos. É se jogar no vazio, academicamente falando ou Colocado tudo isso pra fora, irei começar a história propriamente dita. História essa que começou da ideia de juntar todos os palhaços num mesmo espaço num mesmo intervalo de tempo. O que aparentemente poderia produzir uma hecatombe mundial, resultou em uma E por que não prolongar essa festa até o sol raiar (no caso, se pôr)?? Foi o que se perguntaram Don, João, Shine, Tico, Rochelle e Zé, uns palhaços que não conhecem a palavra limites. Permaneceram no recinto, recarregaram as baterias e foram se aquecer novamente após a sessão iconográfica, digo, fotográfica.

O aquecimento foi uma loucura. Passos de dança frenéticos e risadas descontroladas, com Magali como coreógrafa, música eletrônica e a presença do pavão mais perseguido de todos os tempos. Daí em diante começou nossa peregrinação ao PROCAPE. No meio do caminho colocamos um chapéu seletor bem higiênico na cabeça de nosso companheiro e vimos negão e loirinha passarem por debaixo da cordinha...Mas de que serve um hospital fechado para a população? Para acabar com isso, promovemos a cerimônia de inauguração do PROCA! De festivo só não estava o segurança. Com a fita da inauguração, que toramos sem tesoura, fizemos uma linda gravata pra Zé do Baile e presenciamos um cabo de guerra beeem equilibrado, até certo ponto. Porque a corda nem sempre arrebenta do lado mais fraco.

Shhh!!! Pedia silêncio o homem que mais fazia barulho. Silêncio só fizemos ao presenciarmos uma quase tragédia com direito a reconstituição no finado Linha Direta. A psicopata Rochele Chanel tinha o intuito de provocar um TCE em uma adormecida e indefesa mulher. Foi impedida apenas por sua atrapalhada coordenação motora.Tico sofreu nessa atuação, viu. Teve que fugir das assombrações que vinham do cemitério ali do lado, além de ser preso duas, isso mesmo, duas vezes por um pessoal fardado que estava despejando os moradores dali. Nos perdemos de Zé Ruth, mas o encontramos com sua irmã gêmea boa Raquel (ou foi o contrário?), depois de procurarmos e com seu Calixto cabelo de Presenciamos um grave acidente de trânsito, uma batida de carroça. Conduzida por um burro só podia dar em merda. Chamamos o Shamu, pra resolver a situação.

Também encontramos a residente que residia em todos os quartos, e que receitou uma coisa que certa pessoa estava precisando pra melhorar do mau humor (If you know what I mean).Fomos expulsos (debaixo de cacete) segundo a Lei Maria Jubenice, na qual os homens podem apanhar das mulheres, mas a recíproca não é verdadeira. Mas ninguém falou nada de álcool em gel, só não pode bater!  Nos despedimos, quer dizer, dissemos até a próxima uns pros outros; como eu disse, o fim não existe, o que existe é o caminho.

─ À noite, tu olharás as estrelas. Aquela onde moro é 

muito pequena para que eu possa te mostrar. É 

melhor assim. Minha estrela será para ti qualquer 

uma das estrelas. Assim, gostarás de olhar todas 

elas... Serão, todas, tuas amigas. E, também, eu lhe 

darei um presente...

[...] ─ Quando olhares o céu de noite, eu estarei 

habitando uma delas, e de lá estarei rindo; então 

será, para ti, como se todas as estrelas te rissem! 

Dessa forma, tu, e somente tu, terás estrelas que 

sabem rir!

ATO  II

Acho que passei o final de semana sem baixar o nariz. Estava ansiosamente esperando para a atuação da terça-feira. Tico da Selva estava lá, firme e forte, e foi ele que convidou suas companheiras Velu e Lolita na nova aventura. Aquecemos ao som do indiano que encontraríamos mais tarde, mas ao invés de hindi, parecia que estávamos cantando uma macumba braba. Macumba esta acabou vitimando um rato chamado Ratakamon. Depois de mumificado, procuramos uma couva (sic) para enterrá-lo. Talvez dificultasse o fato das pessoas serem estrangeiras e não falarem a nossa língua.

Mas encontramos o caminho após um bate papo interessante, onde aprendemos que “This is Rio” é diferente de “That is Rio” que não é o mesmo que “Sou do Rio” que, por sua vez, nada tem a ver com “Onde está a Couva”.Pois bem, após o cortejo fúnebre e passado o luto, fomos devagarinho até em cima, onde encontramos personagens conhecidos. Ora essa, encontramos Ruth e Raquel! No entanto, elas estavam acompanhadas das também univitelinas Pepê e Neném, Bia e Branca, Paola e Paulina, Lucas e o seu clone que não lembramos o nome.

Depois dessa overdose de material genético semelhante, tomamos um ônibus espacial e fomos parar no Oriente Médio, que, pra quem não sabe, faz divisa com a Índia. Lá estavam Raj (“nooossa!”) e um Israelense de Carpina que capinaria um lote se possível fosse.Depois de todas essas atividades, seguimos em direção a uma sessão sobrenatural. Lá estavam Mãe Ísis de Iemanjá e Mãe Aguiar. Mãe Ísis leu nossa sorte na palma da mão, capturou nossas almas e nos guiou pelo bom caminho. Mãe Aguiar, ou Mother Aguiar para os mais íntimos, recebeu um valioso prêmio das mãos abençoadas de Veludita e Lolita. Professor Nota 10, dizia o certificado. Afinal, ele nos ensinou o valor do “Obrigado” e do “De Nada!” e ainda disse que nos presentearia com um lindo dez em nossa prova.

Cuidado com Maria da Penha, Mãe Aguiar. Ela não está pra brincadeira. Ao contrário de nós, que (quase) sempre estamos pra brincadeira. O diário vai chegando ao fim (Digamos que é só o fim de um ciclo. “The lights go on, The lights go off...”, como diz aquela música que toca depois de Elephant Gun), ao contrário das nossas presepadas, que perdurarão mesmo com os narizes derretidos. Isso porque fomos nos sentando cada dia mais perto uns dos outros e, quando vimos, os laços já estavam criados.

─ E quando estiver consolado (a gente sempre se 

consola), tu ficarás contente por teres me conhecido, 

tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir 

comigo. E às vezes abrirás a tua janela apenas pelo 

simples prazer... e teus amigos ficarão espantados de 

ver-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: “Sim, as 

estrelas, elas sempre me fazem rir!” E eles te julgarão 

louco.

E riu de novo.

─ Será como se eu lhe houvesse dado, em vez de 

estrelas, montes de pequenos guizos que sabem rir.

E laços criados desse jeito duram para sempre.

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