Por Natália Torres
Hoje o papo é em
prosa, mas o sentimento é de poesia. E como não ser? Quando se
esquece do exterior, o que resta, o que IMPORTA, é ser unicamente
sincero. Sincero com os outros, sincero consigo mesmo, sincero com os
sentimentos, SINCERO. E essa é uma palavra mais que adequada ao
nosso propósito. Certa vez meu pai me disse que na Roma antiga,
escultores usavam cera pra corrigir, disfarçar pequenas imperfeições
que pudesse haver em suas obras. Assim, aqueles que não faziam uso
desse artifício, ressaltavam que as suas esculturas estavam sendo
exibidas bem como haviam sido concebidas, eram verdadeiras,
autênticas, sem artifícios, sem cera. Sine cera. Sinceras.
Eu não sei até
que ponto essa historinha é verdadeira, mas dela hoje tenho uma
interpretação bem diferente da que tive na primeira vez que a ouvi.
Pois se eu fosse uma escultora, não encobriria um descuido com o
cinzel ou qualquer falha no mármore, justamente por saber que são
esses ditos defeitos, os responsáveis pela unicidade da obra. E como
esculturas vivas que somos, temos defeitos, defeitos que muitas vezes
tentamos encobrir com um tipo especial de cera, às vezes chamada
silêncio, às vezes chamada mentira, às vezes chamada medo, e às
vezes nem mesmo chamada, mas que quando retirada tem gosto de
liberdade. E é o que experimentamos aqui, a liberdade de saber que
mesmo sem cera, mesmo sincero, mesmo com as imperfeições a mostra,
somos queridos e somos únicos e somos unidos e somos cada um, uma
parte de uma obra maior ainda, que juntando todo mundo e subtraindo
toda a cera, produz a mais sublime escultura de todas, a mais
fabulosa, a mais verdadeira, a mais sincera e que tem como autores
apenas os melhores, os melhores companheiros do mundo!
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