Entrelaçados

Entrelaçados

Diário de Bordo

Por Rafael Viana em 28/08/15


Portas. Nós nunca tivemos um relacionamento muito saudável, especialmente no procape. A falta de uma janela amiga do lado delas em nada ajudava meu medo de bater e abrí-las, fazendo com que ficassem frequentemente fechadas, não deixando o calor de cada olhar atrás delas sair. Eu sempre preferi pensar que muitas vezes, as portas que ali me encaravam estavam fechadas por terem energia e olhares lindos e transbordantes demais para serem desperdiçados com quaisquer visitantes, mas mesmo assim eu as deixava estar, com medo de não saber cuidar de tanta energia.

Hoje várias portas se abriram. Não quero dizer só no setor, mas também nos meus mais novos velhos companheiros. O olhar de Juju e a hiperatividade de Hermes escancararam as portas do nosso trio, revelando cumplicidade e perspectivas novas sobre situações. Com eles, pude começar nosso primeiro ciclo. Neles, em um nariz gordinho e outro pontudo, encontrei meu ritmo. Com eles, não me senti sozinho, e me senti com vontade de ir com medo mesmo. "Tu bate, eu abro e ela fala." "Assim mesmo?" Só assim, com os melhores companheiros do mundo ao meu lado, nunca prontos, mas sempre disponíveis. E quem diria? Às vezes os companheiros mais improváveis são os que guardam as melhores e mais cheirosas (e mais jovens) flores bem juntinhas de si, sabendo quando apertar o dedão e quando dançar (prestando atenção para ouvir o 3).

E aquelas portas tão bem fechadas? Amantes de circo, torcedores do Sport e Santa Cruz, nosda família desinibida, comedores de video games, Arlindo e Suelinda. E só pra completar, olhos tão azuis e singulares que têm que ser guardados de tão cobiçados. Deveria ter aberto todas elas há muito tempo.

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