Entrelaçados

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Diário de Bordo

Por Letícia Pina

* Da aula de fisiologia

Ontem derrubamos nosso edifício. Implodimos nossa estrutura de baixo pra cima, porém sempre lembrando de livrar as quinas. No início, foi difícil pra quem tinha mais quinas pra livrar. Mas depois, o corpo aprende a cuidar de si próprio e até se recusa a obedecer os reflexos. O corpo se sacrifica. Em um instante é Apolo, no outro é Dionísio. Em um instante é murava que caminha decididad. No outro, é monte de tijolos entregue a estímulos sonoros.

Na obra "O nascimento da tragédia" Netzsche analisa o apolíneo e o dionizíaco. Me chamou a atenção o trecho "ambos os impulsos, não diversos, caminham lado a lado, na maioria das vezes em discórdia aberta e incitando-se mutuamente a produção sempre nova". Achei que ele podia muito bem estar se referindo a brincadeira do Havia, mais especificamente da convivência entre a vonta de obedecer às regras e a vontade de seguir seus instintos. 

O medo do erro soma-se à vontade de vencer e freia o desejo de continuar caminhando, de acordo com o que se quer no íntimo. Observar o conflito entre essas duas urgências me faz pensar que essa seja, talvez, uma das maiores fontes da angústia cotidiana. E por que não transformar essa angústia em sorrisos? Realmente nem todos têm o privilégio de fazer piadas com o elemento humano. Nem todos se permitem uma entrega ao erro, e é pra esses que eu digo: 'quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar de rir"

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